Sexta Básica - Renata Lo Prete

Renata Lo Prete analisa os acontecimentos que agitaram a política do país durante a semana. A comentarista afirma que o desentendimento entre o presidente Jair Bolsonaro e a diretoria do Inpe vai ter consequências negativas para o governo. 'Presidente não está nadando em popularidade, mas ainda tem fiéis', diz Lo Prete.

Renata Lo Prete comenta que ataque a celulares de autoridades parece ter sido algo maior e mais desorganizado. Ela também fala sobre a postura do ministro Sergio Moro, principal afetado pela divulgação das mensagens entre ele e procuradores. O ministro conduz as investigações do caso. Renata opina ainda sobre os fatos relevantes para a economia na última semana e como eles afetam uma possível reeleição de Bolsonaro.

Renata Lo Prete pontua que o presidente Jair Bolsonaro sempre dá declarações de impacto, mas é observar as diferenças. Algumas, como dizer que ninguém passa fome no Brasil, têm apenas fatos errados. Outras, como sinalizar indicação do filho para a embaixada nos EUA, mostram de fato a intenção de fazer algo errado - do ponto de vista do interesse do país, e também em relação ao que ele disse em seus discursos eleitorais.

Renata Lo Prete pontua que aprovação do texto-base da reforma da Previdência foi uma vitória para o presidente e para Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Ela também classifica a possível indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador nos Estados Unidos como 'inapropriada'.

Semana foi de mudanças: o subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil é o novo ministro da Secretaria Geral da Presidência. Floriano Peixoto foi para os Correios. General Santos Cruz foi demitido. Há presença cada vez maior de militares no governo. Presidente mostrou também que eles não são intocáveis.

Renata Lo Prete comenta que caso complica a tramitação do pacote anticrime, principal bandeira do ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública. Mensagens também dificultam as chances de um possível projeto político de Moro em 2022. Renata também analisa os conflitos que levaram à demissão do general Santos Cruz da Secretaria de Governo.

Por mais que a ideia de pacto federativo, firmado entre os três poderes, tenha limitações políticas e institucionais, o fato é que esta semana o governo extraiu vitórias no STF e no Congresso. O Executivo esperava a liberação do Supremo para se atirar com mais vigor no programa de privatizações. Conseguiu. Tanta preocupação com o assunto se deve ao fato de a União querer arrecadar nada menos que R$ 80 bilhões com a venda de estatais. Lo Prete comenta este e outros destaques da semana.

A novela semanal teve rompimento do presidente da Câmara Rodrigo Maia com o líder do governo Victor Hugo. Teve presidente divulgando texto dizendo que não se governa o Brasil sem conchavos. Bolsonaro conseguiu incendiar a pauta e despertar no Congresso toda uma reação. Parlamentares deram provas de que podem se virar bem e ir tocando a vida sem o presidente. Só então presidente decidiu contemporizar.

As manifestações que tomaram as ruas esta semana ganharam muito mais impulso pela forma como o governo lidou com o bloqueio de verbas na educação. O ministro, mal entrou na pasta, deixou claro que cortes seriam direcionados ao ensino superior. O cenário piorou com a reação do presidente Bolsonaro ao longo do dia de protestos. O problema tinha um tamanho e acabou indo para outro patamar.

Recados estes que colocam em risco o desenho de governo planejado por Bolsonaro na reforma administrativa. Um exemplo foi a decisão de devolver o Coaf para a pasta da Economia, contrariando Sergio Moro e o próprio presidente.

No Twitter, presidente disse que decisão de Exército entrar ou não em conflito armado na Venezuela seria 'exclusivamente' dele. Em seguida, o presidente da Câmara teve que lembrar a Bolsonaro de que a Constituição Federal diz algo bem diferente. Bombeiros apareceram de todos os lados para consertar a declaração, ou tentar. Acompanhe o comentário de Renata Lo Prete sobre pautas de destaque na política brasileira.

Embora tenham este 'aspecto quinta série', as brigas entre o filho de Bolsonaro, Carlos, e o vice-presidente Hamilton Mourão, têm a anuência do pai. Quando ele ataca, não está fazendo isso sozinho. E embora a ofensiva seja focada no Mourão, o conflito de fundo é entre o núcleo militar e o outro, o dos olavistas.

Renata Lo Prete diz que decisão de suspender aumento de 5,7% no preço do diesel aliada à percepção de que a reforma da Previdência tramita mais lentamente do que o esperado pelo governo traz instabilidade para o ambiente econômico. Quando aplicada pela ex-presidente Dilma, medida provocou prejuízos para a Petrobras. Ações da estatal despencam.

O presidente Jair Bolsonaro usou uma metáfora sobre casamento para falar sobre o futuro do ministro da Educação, Ricardo Vélez, no governo. Renata Lo Prete comenta os problemas na gestão que devem levar à demissão do ministro, os conflitos entre olavistas e militares no período e as expectativas para a sucessão de Vélez.

Para Renata Lo Prete, farpas trocadas entre Bolsonaro e Rodrigo Maia mostram que o presidente da República evita articulação política para manter discurso que o elegeu. 'A partir do momento em que se estabelece que toda negociação é uma negociação escusa, se aliena o congresso como um todo', diz ela. Situação de Michel Temer e crise envolvendo Vélez Rodríguez também estão entre os destaques.

Renata Lo Prete elenca simbologias de prisão de Michel Temer, como o fato de dois ex-presidente estarem presos e o ocaso do grupo do MDB que comandava o país até pouco tempo atrás. A comentarista afirma que decisão de Marcelo Bretas é reflexo da tensão entre o Supremo Tribunal Federal e a força-tarefa da Lava-jato.

Renata Lo Prete diz que investigação da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes levou a um dos maiores arsenais da capital fluminense. Ela diz que operações demonstram nível de contaminação do poder público pelo crime organizado.

Quando achávamos que aquele caso do post com conteúdo sexual feito pelo presidente fosse ser esquecido, vem a polêmica declaração de Bolsonaro de que a democracia depende dos militares. Neste último caso, teve que ser feito um grande movimento de socorro para consertar a fala de Bolsonaro.

Governo acumula sinais de que o caminho para emplacar a nova Previdência será mais árduo do que se imaginava. Os alertas neste sentido são vários. Em um deles, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por exemplo, já disse claramente que o governo não tem ainda os votos para aprovar o texto. E detalhe: ele será um personagem estratégica na tramitação do texto. Fato é que o bloco 'Caindo na real' tem várias e intrincadas alas.

Renata Lo Prete diz que novas revelações sobre suposta relação de Flavio Bolsonaro com milicianos e demissão de Bebianno podem ser entraves para aprovação de reforma da Previdência. Ela entende que aprovação de PEC dependerá de articulação política do governo.